domingo, 15 de junho de 2008

Hipotermia

A hipotermia em humanos ocorre quando a temperatura central do corpo humano, que em situações normais é de aproximadamente 36,5ºC, desce abaixo dos 35ºC. Essa perda excessiva de calor pode causar danos como hiperglicemia, devido à estimulação simpático-adrenérgica que aumenta a produção de glicose a partir de glicogênio hepático e também devido à menor produção de insulina pelo pâncreas; diminuição da pressão arterial e do débito cardíaco devido a vasoconstrição periférica (pode inclusive ocasionar necrose das extremidades por falta de aporte sanguíneo) e arritmias cardíacas; aumento da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, tornando difícil a liberação deste para os tecidos, o que ocasiona desaceleração do metabolismo e aumento do ph sanguíneo pela diminuição da produção de dióxido de carbono; e uma diminuição na formação de urina, devido à diminuição do fluxo sanguíneo renal. Para evitá-la é essencial vestir roupas apropriadas, que isolem e que protejam do vento e da água. Poderá ser detectada em outras pessoas, já que o auto-diagnóstico é difícil, através de sintomas como alterações comportamentais, maior irritabilidade, agressividade e sonolência.

O corpo humano tem um mecanismo próprio de controle da sua temperatura, chamado Mecanismo Termorregulador. Ele envolve centros e vias nervosas e qmicas no cérebro, na medula espinal e em nervos por todo o corpo, além de receptores especiais de temperatura. Abaixo do nosso limite inferior de temperatura (36,5ºC) vários sintomas surgem, desde pele fria e tremores, até a morte. Quando as terminações nervosas detectam uma queda na temperatura, além da sensação de frio e arrepios, surge uma vasoconstrição (diminuição do calibre) dos vasos sangüíneos da pele. Por isso a pele fica fria. Essa é a resposta inicial do corpo, no sentido de diminuir a perda de calor, mantendo constante a temperatura corporal interna. Quando essa vacoconstrição não é eficiente para evitar a queda da temperatura, surgem os tremores (contrações involuntárias dos músculos esqueléticos que geram calor).

Se esse corpo continua exposto ao frio ambiental, os tremores diminuem ou cessam, surgem alterações mentais e a performance motora diminui. Progressivamente há um colapso do mecanismo termorregulador, que não consegue mais responder às necessidades do organismo, causando inclusive vasodilatação na pele e conseqüente aumento da perda de calor para o exterior. Assim, o indivíduo começa a diminuir seu nível de consciência, fica prostrado e sonolento, as funções vitais se alteram (principalmente freqüência cardíaca, respiratória e pressão arterial) e esses sintomas vão evoluindo até a vítima entrar em coma e depois morrer. No decorrer desses eventos, podem surgir lesões pelo frio, principalmente nas extremidades (mãos, pés, nariz, orelha e lábios), das quais a mais grave é o congelamento.

A hipotermia pode ser classificada em leve, moderada ou grave.

  • Leve (35 a 33ºC): Sensação de frio, tremor, diminuição da atividade motora (letargia ou prostração), espasmos musculares, alteração da marcha (a pessoa parece perder parte do equilíbrio ao caminhar). A pele fica fria, as extremidades (ponta dos dedos, lábios, nariz, orelhas) mostram tonalidade cinzenta ou cianótica (levemente arroxeada). A vítima mostra sinais de confusão mental.
  • Moderada (33 a 30ºC): Os tremores tendem a ir desaparecendo. O indivíduo começa a ficar muito prostrado, sonolento, quase inconsciente. Há mudança do humor (irritabilidade, agressividade, depressão). Algumas vezes pode ocorrer inclusive euforia e perda da auto-crítica. Esses sintomas costumam confundir quem está examinando o paciente, pois pode parecer que a pessoa melhorou. Porém, a realidade é que a vitima está piorando gravemente. O indivíduo fica desorientado, com rigidez muscular e com alterações da fala e da memória. A freqüência cardíaca fica mais lenta ou irregular.
  • Grave (menos de 30ºC): A pessoa fica inconsciente e imóvel. As pupilas tendem a dilatar e as freqüências cardíaca e respiratória são quase imperceptíveis. A manipulação dela deve ser muito delicada, pois do contrário, podem ser desencadeadas arritmias cardíacas graves. Se não for controlada a situação, a morte é inevitável. Detalhe: a vítima em hipotermia grave tem uma depressão tão forte da consciência, da respiração e dos batimentos cardíacos que pode parecer que ela está morta. Tanto assim que é importante reaquecer o paciente e tentar manobras de ressuscitação intensas antes de dar o diagnóstico de morte.

Esta enfermidade, não possui tratamento específico, devendo-se aumentar a temperatura corporal da vítima.

  • De início, deixe a pessoa em posição horizontal, pois nesta posição o coração irá realizar o fluxo de sangue ao cérebro mais facilmente.
  • Não massageie ou esfregue a vítima e nem dê álcool ou tabaco, pois estas ações desviarão a circulação (que já está comprometida) dos órgãos internos, podendo agravar a situação.
  • Chamar socorro especializado, aquecer o indivíduo iniciando da cabeça ao tronco e depois o resto do corpo (pode ser com bolsas de água quentes, almofadas e cobertores), monitorar as funções vitais da vítima (respiração, circulação e temperatura) e remover a roupa molhada se tiver outra para colocar no lugar.
  • Avalie o nível de consciência, veja suas pupilas e sua forma de responder perguntas. Procure manter o paciente acordado.
  • Examine possíveis ferimentos que possam piorar a Hipotermia. Se houver sangramento, procure controlar de maneira usual.
  • Se a hipotermia ficou severa notavelmente e a pessoa está incoerente ou inconsciente, reaquecimento deve ser feito sob circunstâncias estritamente controladas em um hospital.
  • Leigos devem apenas remover a vítima do ambiente gelado, dar bebida quente (não muito quente porque poderia ocasionar choque térmico) e levar a pessoa para o cuidado médico o mais rápido possível.
  • Na hipotermia o reaquecimento rápido pode causar arritimia cardíaca.

Hipotermia terapêutica: A hipotermia terapêutica é uma estratégia utilizada para diminuir a lesão miocárdica decorrente de isquemia durante intervenções cardíacas. A explicação é que a redução do consumo de oxigênio induzido pela diminuição da atividade metabólica celular limita as zonas de isquemia. Nesta técnica, o corpo é resfriado a 32 ºC, que é a temperatura interna mínima em que as células são preservadas dos danos decorrentes da falta de oxigênio. O aumento da afinidade do oxigênio à hemoglobina é compensado pelo aumento da sua solubilidade no sangue, mantendo compatível à oferta de oxigênio à sua demanda. Contudo, além deste mecanismo mais conhecido de cardioproteção, foi evidenciado que essa medida limita a ação de substâncias tóxicas, como os radicais livres, que tendem a aumentar a extensão do dano. Em modelos animais e em corações isolados foi observado também que a hipotermia terapêutica preserva as reservas celulares de ATP durante episódios de isquemia e diminui o tamanho do infarto, preservando o fluxo microvascular e mantendo o débito cardíaco. A intensidade e a duração da hipotermia são determinadas de acordo com o procedimento cirúrgico a ser realizado. Apesar dos efeitos benéficos da hipotermia sobre a proteção orgânica, o aumento do tempo de duração da hipotermia parece exercer efeitos contrários, piorando a lesão miocárdica. O resfriamento está sendo aplicado em fase experimental no atendimento de pacientes com infarto e com derrame. No primeiro caso, a idéia é proteger o próprio músculo cardíaco de possíveis comprometimentos causados pela falta de sangue e oxigênio. No derrame, como a hipotermia evita a morte das células cerebrais, acredita-se que ela diminuiria os riscos de seqüelas. Há ainda estudos sobre o uso da técnica em recém-nascidos que sofreram falta de oxigenação durante o parto e em vítimas de esclerose múltipla.

Curiosidades: Muitas pessoas têm a idéia de que o álcool quando ingerido aquece a pessoa. Mas na verdade essa é ideia é errada, já que o que o álcool faz é uma vasodilatação periférica, havendo assim um maior fluxo de sangue nas regiões periféricas do corpo. Desta forma percebe-se uma maior sensação de calor, por isso que se diz que o álcool aquece o corpo. Entretanto, essa vasodilatação periférica diminui a quantidade de sangue dos órgãos internos, e é assim que morrem vitimas de hipotermia que ingerem álcool para se aquecer.
Há vinte e dois anos, médicos utilizaram a hipotermia terapêutica como último recurso para tentar salvar o presidente Tancredo Neves.

3 comentários:

Thiago Leão disse...

Boa tarde.

Pelos meus conhecimentos essas imagens não são caracterizadas por hipotermia e sim por choque elétrico, onde uma das caracteristicas mais importantes de uma queimadura por elétricidade e a carbonização dos membros atingidos.

Att,
Tiago Alexandre
Técnico em Segurança do trabalho

Montanheiro disse...

Se há vasoconstrição pela ação do frio, como é que pode ocorrer hipotensão? É exatamente o contrario. Se diminui o calibre do vaso, há uma dificuldade maior do sangue passar, consequentemente a pressão é elevada. É por isso que os pacientes hipertensos são orientados a ir morar na praia. Mais calor, vasodilatação, consequentemente a pressão diminui. Abços.

Cristiane disse...

Eu tenho arritmia cardíaca, e quando bebo mais de duas taças de vinho, durante o sono tenho períodos de muito frio, tremores e dentes batendo.